sábado, 17 de março de 2007

Lucas 1 - 3

Veja como Eugene Peterson introduz o livro de Lucas:
"Muitos de nós, boa parte do tempo, nos sentimos por fora. Simplesmente nós não pertencemos. Outros se sentem tão confiantes, tão seguros de si mesmos, os "de dentro" que conhecem as coisas, são as mãos que mandam na turma da qual somos excluídos.
Uma das formas que temos para responder a isso é formarmos o nossa própria turma, ou entrarmos em uma que nos aceite. Pelo menos em um lugar onde nos sintamos "dentro" e os outros "fora". As turmas variam das informais às formais em encontros que são políticos, sociais, culturais e econômicos. Mas uma coisa que elas tem em comum é o princípio de exclusão. Identidade ou valor é valorizado quando se exclui todos os outros que não são os "escolhidos". O preço terrível que pagamos em manter todas estas pessoas fora para que sintamos o gosto de ser os "de dentro" é uma redução da realidade, diminuindo a vida.
O lugar em que o preço é pago de forma mais terrível é a causa da religião. Mas religião tem uma longa história em fazer estas coisas, em reduzir os infinitos mistérios de Deus para a respeitabilidade das regras do clube, reduzindo a comunidade humana a uma "membrezia". Mas com Deus, não há pessoas "de fora".
Lucas traz um histórico bom de um "forasteiro". O único gentio de todos os escritores judeus do Novo Testamento, ele sabe como Jesus incluia aqueles que tipicamente eram tratados como os "de fora" pelo establishment religioso daqueles dias: mulheres, trabalhadores simples (pastores), os de outra raça (Samaritanos), os pobres. Ele não concebia religião como um clube. Enquanto Lucas conta a estória, todos de nós que nos encontramos do lado de fora vendo pouca esperança em nossa vida de conseguir entrar em alguma coisa, agora vemos as portas escancaradas e nos sentimos encontrados e benvindos por Deus em Jesus"


Oração
"Minha alma engrandece ao Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, pois atentou para a humildade da sua serva. De agora em diante, todas as gerações me chamarão bem-aventurada, pois o Poderoso fez grandes coisas em meu favor; Santo é o seu nome.
A sua misericórdia estende-se aos que o temem, de geração em geração.
Ele realizou poderosos feitos com seu braço; dispersou os que são soberbos no mais íntimo do coração.
Derrubou governantes dos seus tronos, mas exaltou os humildes.
Encheu de coisas boas os famintos, mas despediu de mãos vazias os ricos.
Ajudou a seu servo Israel, lembrando-se da sua misericórdia para com Abraão e seus descendentes para sempre, como dissera aos nossos antepassados." Maria

Um comentário:

Fábio disse...

Seria ótimo se os jornalistas abrissem o noticiário com a declaração inicial do "doutor Lucas", afirmando que investigaram "tudo cuidadosamente, desde o começo" e transformaram as informações já escritas e os relatos de testemunhas oculares em um "relato ordenado". Este médico grego fez um excelente trabalho jornalístico, escrevendo para seus "iguais", ou seja, os cristãos gentios (não-judeus).

Algumas considerações sobre esse trecho:
1) Uma coisa que não havia percebido - pelo menos vejo nesses capítulos iniciais - é que Lucas é o mais "pentecostal" dos evangelistas!!! É interessante suas colocações sobre a presença do Espírito Santo (1.41; 67; 2.25) e também sobre ser guiado pelo Espírito (2.27);
2) Enquanto outras passagens falam somente sobre a mensagem de arrependimento de João Batista, aqui Lucas revela que o resultado do arrependimento é uma atitude prática (repartir, deixar de roubar ou fraudar, não acusar falsamente).
3) Lucas estende a genealogia de Jesus até "Adão, filho de Deus".

Isso me faz pensar: Como temos passado as mensagens de boas novas e do verdadeiro arrependimento, dois mil anos depois de Lucas? Temos mantido a mensagem (que é inegociável), mas nos adaptado às necessidades de compreensão daqueles que nos cercam?